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18 de fevereiro de 2019Logística Reversa: Saber para onde vai (Matéria KAPPA SÃO CARLOS)
Por Vanessa Gurian
Conteúdo desta matéria foi publicado na Revista Kappa Magazine São Carlos, edição 144, 13 de fevereiro de 2019:
http://www.revistakappa.com.br/edicoes/saocarlos/edicao_144/
Irá depender da forma de utilização e do tipo de equipamento que ela esta abastecendo. Mas uma coisa é certa. Aquela sua pilha ou bateria irá acabar! A média de durabilidade das pilhas de zinco, por exemplo, é de dois anos, das alcalinas pouco mais e até as recarregáveis têm prazo para expirar, após cerca de 1500 recargas.
Por experiência todos sabem que deixar uma pilha velha por perto não é um bom negócio. Geralmente ela começa a soltar um líquido ácido composto de MnO2 (dióxido de manganês) e NH4Cl (cloreto de amônio), que danifica os aparelhos eletrônicos, faz bastante sujeira e pode contaminar o solo e lençóis de água.
Houve um tempo em que descartar pilhas e baterias usadas no lixo comum era uma opção. A conscientização sustentável já não nos permite esse ultraje ambiental e, nesse sentido, São Carlos já faz parte de um cenário privilegiado. Desde 2017 ela participa de um sistema de Logística Reversa de pilhas e baterias portáteis oferecido pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP).
São Carlos não só faz parte, como foi a primeira cidade do estado a requisitar a retirada de material dentro desse sistema. Só no primeiro mês de coleta foram cerca de 200kg de pilhas e baterias portáteis recolhidas entre os comerciantes e clientes do comércio, em um trabalho local realizado pelo Sindicado do Comércio Varejista de São Carlos e Região (Sincomercio). A campanha foi estendida, também, para as cidades da base territorial do Sincomercio. As associações comerciais de Ibaté, Brotas e Tambaú são pontos de coleta nessas cidades.
Comércio em ação
O sistema de Logística Reversa, do qual o Sincomercio participa, atende a dois termos de compromisso assinados em dez. de 2016, entre a FecomercioSP, a Secretaria de Estado do Meio Ambiente (SMA), a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) e a Associação Brasileira da Indústria de Elétrica e Eletrônica (Abinee).
De acordo com a proposta, o comércio que vende pilhas e baterias portáteis deve receber esses produtos pós-consumo de seus clientes e é chamado de Ponto de Entrega Primário. Com a adesão ao sistema, os sindicatos e associações comerciais são Pontos de Entrega Secundário, que recebem em bombonas específicas o material vindo do Ponto Primário. A partir daí a Abinee faz retirada desses produtos e promove a destinação final ambientalmente adequada.
Segundo o presidente do Conselho de Sustentabilidade da FecomercioSP, Prof. José Goldemberg, a participação dos sindicatos, como Ponto de Entrega Secundário é fundamental para o sucesso do sistema. “Assim, o Sincomercio São Carlos presta um serviço aos lojistas, isentando-os do custo de frete até a central de triagem. Desta forma, as empresas participam de um sistema oficial e estadual de logística reversa, a custo praticamente zero.”
Na prática
Participar é fácil. O presidente do Sincomercio, Paulo Roberto Gullo, explicou que para participar basta o comerciante colocar uma caixa ou recipiente em seu estabelecimento comercial e divulgar entre seus clientes a importância da destinação correta das pilhas e baterias. “Quando acumular cerca de 10 quilos, o comerciante deve levar o material no Sincomercio São Carlos (Rua Riachuelo, nº 130, Centro) e descartar em nossa bombona que fica na recepção. Todo o material que chega até o Sindicato, nós garantimos que será reciclado”, concluiu.
A adesão do comerciante é digital e está disponível na plataforma de logística reversa da Fecomercio SP: http://www.fecomercio.com.br/projeto-especial/logistica-reversa/pilhas-e-baterias-portateis. “Basta preencher e encaminhar a Declaração de Adesão e o estabelecimento receberá seu Certificado de Participação no sistema, o que garantirá a ele total segurança contra multas em caso de fiscalização”.
De volta à loja
Os comerciantes que não vendem pilhas e baterias, mas querem proteger o meio ambiente, também podem participar como ponto de coleta.
Foi o fez o empresário do comércio, Walter José Barros Júnior, que está participando com pontos de coleta em suas duas lojas em São Carlos, na Galeria Barros (Avenida São Carlos, 1207) e na Casa São Jorge (Rua Episcopal, 1149). Segundo ele, a proposta é oferecer ao cliente o descarte correto desses materiais. “Na Galeria Barros nós vendemos pilhas e baterias, principalmente para os brinquedos que temos na loja e agora nosso cliente já sabe que pode descartar ali mesmo. Já na Casa São Jorge não vendemos esses produtos, mas mesmo assim a loja é um ponto de coleta, já que está localizada em uma região de muito fluxo onde as pessoas podem passar e deixar suas pilhas usadas”.
A Imobiliária Cardinali também aderiu à campanha do Sincomercio São Carlos. Com o selo ISO 9001 de qualidade, a empresa desenvolve várias ações sustentáveis. A partir da iniciativa do Sincomercio, decidiu implantar também a coleta de pilhas e baterias. “Temos cerca de 15 aparelhos de ar condicionado e cada um com suas pilhas só em nossa nova sede. Internamente já temos uma quantidade grande de pilhas pós consumo que agora irão para o local correto, além da contribuição de nossos colaboradores e clientes que poderão também fazer seu descarte aqui”, explicou George Luiz Vieira, assessor de informática da Cardinali.
O mais recente apoio ao Sistema de Logística Reversa da Fecomercio na cidade vem do Shopping Iguatemi São Carlos, cuja gerência está trabalhando como orientadora e facilitadora junto aos seus lojistas. Ainda em processo de implantação, em breve, lojas do shopping também serão pontos de coleta.
Segundo Vinicius Molina, gerente geral do shopping, devem aderir ao sistema cerca de 40 lojas. “Nós do Iguatemi São Carlos, acreditamos que todos são responsáveis pela preservação do meio-ambiente. Por isso, nos preocupamos em sempre ter e promover atitudes sustentáveis. Para fomentar essa prática, estamos trabalhando em parceria com a Sincomercio a fim de que nossos lojistas também participem dessa excelente iniciativa, realizando o descarte de pilhas e baterias de forma ecologicamente correta e alinhadas aos valores da companhia.”
Livre de multa
A Logística Reversa é uma obrigação para os estabelecimentos de todo o País que comercializam pilhas e baterias portáteis, de acordo com a Resolução Conama 401/2008.
O comércio que vende tais produtos e não participa de um sistema de logística reversa, recebendo de volta do consumidor pilhas e baterias pós-consumo, poderá ser penalizado com as sanções previstas pelo art. 3º do Decreto nº 6.514/2008:
Dependendo das situações, que são agravadas quando há danos ambientais, são previstas advertência, multas e até a suspensão de venda dos produtos ou proibição total das atividades. Os valores das multas variam entre R$ 500,00 a R$ 2.000.000,00!
Tudo se transforma
É possível reciclar quase a totalidade dos materiais contidos nas pilhas e baterias. Segundo informações da Abinee, quando o material recolhido chega ao centro de consolidação e triagem, as pilhas e baterias portáteis são separadas por tipo e marca, sendo, em seguida, encaminhadas para o processamento.
O primeiro processo é a trituração, no qual a capa das pilhas e baterias portáteis é removida permitindo o tratamento das substâncias em seu interior.
A seguir este material pode ser reciclado por um dos seguintes processos:
– Processo químico, as pilhas e baterias são submetidas a um processo de reação química, onde é possível recuperar sais e óxidos metálicos, que são utilizados como matéria prima em processos industriais, na forma de pigmentos e corantes.
– Processo Térmico, as pilhas e baterias são inseridas em um forno industrial onde ocorre o processo de separação do zinco, permitindo uma redução seguida de oxidação do zinco presente nas pilhas. Assim é possível recuperar esse metal e reutilizá-lo na indústria como matéria-prima novamente.
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